Passei a tarde deitado. Abraçado a mim mesmo. Lá fora a suave brisa primaveril abana as árvores, como se as quizesse acordar para a chegada da primavera. Estou perdido nos meus pensamentos. Olho para o céu. Uma intensa vontade de ser uma gaivota invade-me. Queria poder voar livremente, sem limites, sem destino, sem medo. Á medida que a tarde vai passando, os meus pensamentos vão-se misturando com o sono. Embora a dormir, sonhei mais acordado do que outra coisa. Pensamentos misturam-se com sentimentos, sonhos com realidade, sensações com desejos, saudades com recordações. A cabeça, em conjunto com o coração, gostam de me pregar grandes partidas. Quando penso que vou de novo conseguir andar em frente, volta tudo, de uma forma brutal e altamente devastadora. Acordo de repente, olho para a janela e vejo o céu já estrelado. A tarde passou, e deu lugar á noite. Olho para todos os lados, nem sei bem á procura de quê. É estranho, não estás em lugar algum, mas continuo a sentir o teu cheiro, os teus lábios nos meus, e os teus braços e minha volta. Lentamente regresso á realidade e vejo que o meu pior pesadelo é aquele que é real. Sento-me á beira da cama. A janela está aberta, e os cortinados dançam ao sabor da brisa que continua a passar. Encosto os braços cruzados sobre o parapeito, e pouso a cabeça sobre eles. Olho para as estrelas. E penso, como sempre penso desde que te conheci, se também estarás a olhar para elas naquele momento. O hi-fi ficou ligado toda a tarde, e neste momento passa Cranberries. No meio da musica oiço "...you and me, it will always be/you and me, forever be/eternally, it will always be you and me...". Jurei que não ia derramar mais nenhuma lágrima, mas é mais forte do que eu. ...tenho imensas saudades tuas.


...even if you're not with me i'm always with you...