Lembras-te?...

Lembras-te Keu? Tantas cenas passadas...
Tou com saudades. Tanto mudou. Eu acabei por mudar tanto. Lembras-te? Lembras-te como eu era quando me conheceste? Apenas um beto com a mania da perfeição. Lembras-te como fiquei depois de te conhecer? Um dread com cabelo á crista, totalmente solto de tudo e todos, um vadio.
Cenas cenas cenas. Bebidas alcoolicas, tabaco, ganzas... tudo isso experimentei contigo. Sempre achei graça, que mesmo sendo a maluca que és, sempre me perguntaste antes de experimentar algo se era mesmo aquilo que eu queria fazer. Aprendi tanto contigo. Recordas aquelas noites em que ficavamos a falar sobre tudo e nada? Horas esquecidas a falar, sentados no muro ao pé da tua casa, sob o luar e as estrelas. O teu cabelo ondulava a brisa quente que passava, e eu ficava hipnotizado. Era apenas um puto... e continuo o mesmo puto de ha uns anos atrás. Muitas cenas mudaram mas tu estás igual, e eu, apesar de as coisas já não serem iguas, continuo exactamente o mesmo. Não te sei dizer se isso é bom ou é mau, mas assim como tu, paralisei por volta dos 16 anos. Ficamos presos no tempo. Penso que é por isso que tanto te adoro. Tu entendes-me batante bem. Sempre adorei a forma como tu vês as coisas. Para ti nunca ha problemas ou medos, segues sempre em frente. Afinal o mundo é teu, sempre conseguiste o que quizeste.
Uma cena que sempre achei estranha, como é que nós temos sempre conversa, mesmo quando nos ficamos tempos e tempos sem ver? E como é que contigo rio-me de tudo e de nada? Sempre tivemos as nossas cenas, maluquices e malucadas. Nunca houve medo de fazer barraca na rua, de gritar, pular, correr. Contigo sempre fui livre, sempre me senti protegido. Como se a teu lado tudo fosse possivel. Tanta coisa...

Lembras-te? Eu lembro-me.