"I am human and I need to be loved, just like everybody else does"

quinta-feira, maio 25, 2006

Return of the Jedi?

São 18e28H. Lá fora está vento. O sol bate no estore, e a luz que entra reflecte os buracos do estore na parede do meu quarto. O cortinado voa, devido á corrente de ar. O vento é quente, brinca com os meus cabelos deixando-os despenteados. O meu cabelo está grande, e continua o mesmo, ora quase loiro ora quase preto, ninguém o entende. Á minha frente estão cd's espalhados pela secretária, duas canetas, as chaves de casa e dois télemoveis, um deles aberto e sem cartão.
Neste preciso momento toca o meu outro telemovel, uma mensagem, de alguem que nao me é nada, apenas um conhecido, mas que aos poucos vai conquistando o seu espaço.
A meus pés sente-se o ritmo forte do som de uma musica estilo Bossa Nova, as vibrações vindas do subwoofer espalham-se no chão do quarto, dando quase a sensação que um gigante se aproxima a passos largos.
Estou melancólico e penso na vida, olho para a janela em busca de respostas, mas esta nunca me respondeu.
Nos cd's estão musicas e fotos. Penso no que perdi, no que mudei, desde então. O por-do-sol, uma estrada na serra da Arrábida, um espreitar de luz entre as árvores, um fake "amo-te", o mar e a areia, eu ali espelhado em mil recordações do passado, recordações essas presas em imagens, tudo e nada que foi na altura a minha vida e que jamais se repetirá.

Raro tem sido o dia que fiquei em casa, excepto para dormir. Têm sido dias passados a rir na companhia de uma só pessoa, que eu sei que ficará do meu lado para a vida inteira. Uma rapariga que me mudou, ao longo dos anos. E de tão diferentes que eramos ao inicio, com o passar do tempo, ficámos iguais. É bom sentir e saber que de tantas pessoas que aparecem e desaparecem na minha vida, ela continua sempre lá.
Ontem estive por Lisboa. É raro estar por Lisboa agora. Tinha saudades, saudades não sei de que, saudades do passado que passou e do futuro que não aconteceu. Ao mesmo tempo, senti a necessidade de me afastar. Enjoei, e o que antes era brilho, hoje, está baço. Possivelmente eu cresci um pouco. Um pouco pequeno, minúsculo, mas que me fez ver algumas coisas com outros olhos. Mais tarde ou mais cedo eu volto. Eu sei que volto.
Questiono-me do que é feito daqueles fins de tarde quentes de verão, em que me viam de camisa e calças de ganga com uma moscila ás costas. Tudo se tornou banal, vulgar. Já não ha fascínio ao andar nas ruas do Chiado, do Bairro. Já não me engano nas linhas do Metro. Perdeu a graça.
Ao longo do tempo muitas pessoas conheci. Maioria não sei que é feito delas. Recordo apenas algumas pessoas que ficaram no meu coração, e que mesmo não estando com elas, não as esqueço.
Lembro-me de um fim de tarde no Noobai, das estrelas no céu na praia do Guincho, de estar sentado na areia numa praia da Costa da Caparica, de jantares no McDonald's e no agora fechado Cup&Cino do Chiado, de noites e noites passadas em discotecas, de conversas soltas, faladas entre um cigarro e uma musica, tanta coisa... que é feito de tudo? Que é feito de mim?
Amar foi uma palavra que quase desapareceu do meu dicionário. Continua lá, rasurada, apagada, esquecida e sinceramente, não quero que fique a 'Negrito' e sublinhada tão depressa.
Já não sei ha quanto tempo não escrevia aqui nada, e não me apetece ir ver. Não sei se voltarei a escrever ou não, nem sei com que regularidade. Hoje apeteceu-me, apenas isso.
São 19e33H. Tenho que me ir despachar para sair. Ainda falta o jantar. E começo a ver que estou atrasado, que estou sempre atrasado, estou sempre atrasado, sempre atrasado, atrasado...