"I am human and I need to be loved, just like everybody else does"

domingo, fevereiro 12, 2006

A falsa alegria dá lugar á verdadeira tristeza

Sabado á noite. Discoteca. Dançamos. Tudo é lindo á nossa volta. Sem duvida, a noite, através das suas sombras, dos seus mistérios, consegue transformar tudo, hipnotizando-nos. A musica aumenta o nosso nível de adrenalina, e tu gritas, louca, que somos os melhores, que aquela merda é toda nossa, que somos os mais lindos, os mais desejados, o casal perfeito. Já cansados e ligeiramente bebados, sentamo-nos um pouco, e na euforia pulas para cima de mim e beijas-me, deixando o resto do grupo totalmente chocado. Afinal, estamos numa discoteca gay. Das-me a mão, levantamo-nos e corremos para o balcão para mais uma bebida. Estamos tão alegres. O maço de tabaco já acabou, e olhando para o relógio, vemos que são horas para intoxicar ainda mais os nossos corpos. Saimos da discoteca e sentamo-nos numas escadas, drogamo-nos. A falsa alegria dá lugar á verdadeira tristeza, e choramos. Choramos muito. Tu lamentas-te que ela não te ama. A unica pessoa por quem eras capaz de fazer tudo, de largar tudo, não te quer. Mas tens toda a gente que quizeres na tua mão Keu... - digo. Mas eu não quero toda a gente, apenas queria ela puto, apenas queria ela.. - respondes tu. Eu concordo e lamento-me. Sempre tive tantas pessoas atrás de mim, e quem eu realmente quis nunca tive. Fiz tanta merda, fui tão arrogante, e pela primeira vez que me decido a lutar por alguem verdadeiramente, essa pessoa não me liga nenhum. Temos os dois tudo para sermos felizes, mas não o somos. Tão bonitos mas tão vazios, tão alegres mas tão tristes, tão populares mas tão sós. Abraço-te com força e sinto-te a tremer. Eu sei que não é do frio. Dou-te um ultimo beijo na boca. Olho nos teus olhos digo que tudo vai correr bem e que um dia vamos ter alguem que nos faça realmente felizes. Tu sorris. Sabes, tanto quanto eu, que é mentira. Mas preferimos acreditar que assim o será, para aliviar um pouco da dor que vai cá dentro. Neste momento percebo como somos tão iguais. A nossa unica diferença é que tu fazes-te de forte a tempo inteiro, tentando nunca mostrar o que realmente és. E até nisso eu sou igual a ti, mas nunca consigo fazer-me de forte muito tempo. Sou frágil e isso transparece facilmente. Limpando as lágrimas da face, e descendo as escadas muito devagar para não me espalhar no chão, digo para irmos para dentro, ainda ha muito para curtir esta noite e tristezas não pagam dividas. Tu concordas e vamos os dois. Subimos as escadas e voltamos á pista de dança, lindos e alegres, dançamos que nem uns loucos. We're the stars, baby. E lá do fundo aparece a Loira, a gaja com que tinhas curtido á 15 dias atrás. Voces ficam a conversar e eu decido afastar-me. Pouco depois já estão agarradas a dançar e aos beijos. Eu sorrio ao ver-te, mas não consigo deixar de pensar no vazio que tens dentro de ti. No vazio que nós temos dentro de nós. Na nossa falta de carinho, de afecto, que nos faz andar de pessoa em pessoa à procura dum abraço e de um beijo. À procura dum sentimento que já tivemos e não temos mais. À procura de momentos passados projectados no futuro, em diferentes lugares, com pessoas diferentes.
O nascer do sol aproxima-se, e vamos embora.
Saio só da discoteca, sem ninguém, mas não me sinto nem um pouco triste por isso. Não quero estar com ninguém assim, não dessa maneira. Não quero curtes. Quero algo que me preencha, e não algo que ajude a aumentar este vazio.
Vamos todos no carro. Tu encostas a cabeça no meu ombro, e eu encosto a minha cabeça sobre a tua. Não é necessario falares para eu saber o que vai ai dentro.
Boa noite Keu, dorme bem...